terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Ilhada perfeita

 Pois é malta, desta vez continua a saga da ilha.

Com um dia quente no final do verão, volto a ilha do robalo, claro que nem voltei para caçar outro, voltei para apanhar uns sargos, pesca que parecia que iria ser chibateira, coisa rara nas ilhas no verão, mas a primeira hora de pesca nem um peixe senti, ilha grande e rasa, nem um peixe se via na espuma, o mar estava espetacular, sem vento e calor, parecia impossível não haver peixe.

Pesco quase sempre leve e bem raso, quase fora de água, muitas vezes apanho sargos em sítios que ninguém lançaria, acreditem mesmo, por vezes parece que conheço a pedra, que pesco a 15 anos, mas não pois apanho peixe para onde nunca tinha lançado, e como não sentia nada, lancei para uma parte mais funda, coisa que detesto por causa das choupas, safias e os vermelhinhos com nome feito.

E de repente, num mamar, dou a ferrada e começa uma boa luta, vi logo que era uma dourada já boa, tal era as cabeçadas consecutivas, desta vez encalho o peixe na traseira da ilha depois de a contornar calmamente, chibo já não era.


Uma douradinha nesta pesca sabe sempre bem, volto a lançar para o mesmo sítio, coisa que também não costumo fazer e atraco noutra logo de seguida, mais pequena, mas boa também, leva o mesmo caminho e rede com ela.

De seguida vou ao lado oposto da ilha e sem saber ler nem escrever, cravo outra do lote da segunda, bem mas vim aos sargos e só há douradas:)


Mas a coisa arrefeceu, foi mais uma hora sem sentir nem um peixe, a maré estava no pico da praia mar, e eu sei que muitas vezes, com a maré a escorrer para baixo os sargos resolvem comer, aguentei ali mais um bom bocado para a hora que poderia dar um peixinho.

A coisa começou a aquecer o do nada apanhei um belo sargo, coisa que se foi repetindo em cada lançamento que fazia para um único sítio especifico da pedra, estavam em fila a comer naquele cantinho, foi aproveitar ao máximo.


E que belos sargos todos entre o meio quilo e as 800 gramas, um lote bem bonito.

De manhã tinha ido ao marisco, que por acaso também o aproveito para iscar, muitas das vezes, pesco com percebes de boa qualidade, um percebe dá uma iscada, os sargos não se negam a um bom percebe:)

Costumo ver uns bons búzios de vez em quando, desta vez justificou traze-los já era uma boa teca, estavam todos numa única fenda da pedra.


O petisco hoje é lulinhas à Algarvia a minha maneira.

É caso para dizer, uma ilhada perfeita, eu pelo penos não peço mais.

Boas festas e um Bom Natal.



domingo, 8 de dezembro de 2024

Viva pessoal.
Já havia tempo que o blog estava adormecido, mas mesmo pensando em fazer uma publicação, perco a vontade para tal, reanima-se quando vejo as publicações de velhos blogueiros da pesca, que vão mantendo a tradição e me dão força para escrever.

Com o Inverno chegando e o defeso dos percebes, acaba a época quente do ano, tal como ilhadas e marés , marés essas que agora são feitas a apanhar uns polvos ou canivetes, e a prancha dá lugar ao barco.

Foi um verão com uns bons sargos, não muitos mas foi bastante positiva, num dia onde já tinha feito a enchente e tinha a rede composta com uma pesca bonita, quando recuperava a chumbica rapidamente para me pirar, pois no pensar era o último lançamento, atracasse um cabeçudo ao Anzol nº 2 com 0.21 no chicote e ceda 0.20.


 No momento, pensei de ter prendido na lage, mas uma cabeçada longa e uma sensação de nova prisão no fundo levou-me a crer de um peixe roubado, um bodião grandão ou uma salema, mas do nada ele arranca para o fundo.
Deixei-o ir, o drag por sorte estava bem solto e lá foi ele, tinha começado a luta que eu pensava que seria rápida, pois esperava partir a ceda rapidamente, 0.20 a roçar nas pedras, com um comboio destes ai pensei, robalo ou corvina, subi para a parte mais alta da lage, e fui curtindo a luta, bem vou curtir que a chumbadinha ao sargo nunca tinha visto a frágil cana vergar tanto... 


Os minutos passavam e o fio não havia hora de partir, para ajudar o mar tinha um belo toque, situação que ainda mais ajudava a pensar que este peixe nunca chegaria a mim, estive uns bons minutos a curtir e quando a linha já ia para o seu fim, apertei um bocadinho com o peixe para partir finalmente, ahahahahah, mas de repente fica um peso morto, forcei mais um pouco para partir e vejo um peixe comprido a tona de água, ai a uns 100 metros de mim, até me pareceu uma corvina, pois a água turva, o prateado tinha tom de amarelado.

Fui recuperando lentamente, e comecei a acreditar no milagre, ai numa sacudidela e abertura de boca, vi que era um cumprido robalo, que mesmo magro não deixava de ser a maior captura a chumbadinha aos sargos que faria.

Só pensei, vou morrer na praia, o mar esta com muita força e mesmo na parte traseira da ilha, onde costumo trazer os sargos grandes e por vezes as douradas a água corria muitíssimo e era arriscado, como vi que o peixe estava rendido, tinha também um anglo no fio que na zona onde estava, se conseguisse encalhar o peixe, o fio não iria a pedra, e sendo uma lage rasa, teria de fazer uma descida rápida para lhe pôr a mão, arrisquei neste pensamento e foi ali 10 segundos malucos, foi apertar com o peixe na espuma, este encosta a lage ,abrir a alça do carreto com peixe fora de água e ter um espaço de 5 segundos para descer e o agarrar o robalo e bingo, tinha um lindo peixe de 5 kg magro , pois se estivesse gordo a linha partia mesmo :)


Uma sargaria destas com o robalo em cima, é mesmo a cereja no topo do bolo.


Como é boa a vida na ilha, calma, calma.


Em terra por aqui também há sítios calmos, mas já foi bem melhor.

Com a pesca embarcada, pesco sempre com caranguejo, e volta e meio sai uma espécie nova para mim, mesmo pescando à muitos anos, há espécies que é raro nos calharem, o pargo sêmea e novo para mim.


 As cores deste pargo é espetacular, por vezes dá vontade de libertar estes peixes...
Enfim, são sacrificados pela lei da vida infelizmente, mas que me dá pena dá, uma contradição estranha de sentimentos, não sentia isso antigamente.

Quando saiu do Alentejo em direção ao Sul de Sul como diz um velho lobo do mar, por vezes vou ao lodo apanhar um dos mariscos do meu top 3 de eleição, ameijoa boa da Ria Formosa.


Como manda a tradição peço aos donos do Lodo permissão para a apanha de meia dúzia de ameijoas no quintal deles para matar saudades de um dos meus mariscos preferidos, no fim acabamos a comer uma Big tosta e a falar de pesca umas horas, com a idade a avançar, em vez de 10 ou 15, já ficamos por 3 ou 5 cervejolas... o que interessa é que a tradição se mantenha.


Força ai e boas fainas.