sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Adrenalina ao máximo

 Viva Pessoal.

De volta para contar um dia de verão muito atribulado, dia este onde o objetivo era ir a procura de uns bons peixes na fundura do mar de Sines, mar esse sempre muito habitado por Navios petroleiros e de contentores, quem anda aqui já está habituado a isso, pois uma grande área de fundeador é restrita a estes gigantes dos oceanos, isto é, proibido pescar e fundear nessas áreas que são delimitadas na consola GPS que por norma toda a gente tem hoje em dia, quem não está a par disto, nem imagina que por exemplo que 50% do mar em frente a Sines é só para isso.

Nesta pesca, o objetivo era sair dessa área e também evitar a zona de trafego (rota) dos mesmos para entrar no terminal, com alguns anos de mar já conheço bem as suas rotas e sei que por vezes certos pesqueiros estão numa zona muito perigosa, mas no pesqueiro em questão não era esse o problema, pois por pescas anteriores, sabia que estava fora de rota dos perigosos navios.

Com a chegada ao pesqueiro, começa a vir uma nevoa no horizonte, isto era quase 9h da manhã e nada previa isso, do calor matinal pouco normal o ar arrefece um bocado e com a vinda de um Navio de contentores vinha a tal nevoa a pairar sobre ele, basicamente esse Navio só entrava no cais com a saída de outro, é a norma deste processo, o mesmo gigante aproado a mim ai a uns 2km vinha nas calmas a espera da sua vez e eu só descanso quando vejo as letras gigantes da MSC a aparecerem é sina que está a manobrar.


Nisto o 1º peixe de jeito na cana do meu pai, depois de uma briga boa um lindo robalo de 4kg, por não ter os braços esticados, engana, mas é mesmo um robalo lindo e pesado.

Como dá para ver a nevoa vinha na nossa direção e o Navio desapareceu, não me saia da cabeça a proa na minha direção e mesmo estando ai a uns 10 Km do terminal, ainda se via que o tal que tinha de sair para este entrar permanecia no cais.

Começou alguma atividade de peixe maior, douradas quileiras e bons sargos deram um ar da sua graça, enquanto eu repetia um pouco paranoico para o meu pai para estar alerta com o Navio ao qual ele repetia constantemente, não te preocupes estamos fora de rota deles, mas mais  preocupado ficava com o tom da buzina de aviso de Navio a navegar, aquele tummmmmm tummmmm, tummmmm que até assustava e fazia eco, não sei se estão a ouvir esse barulho, que em terra é engraçado mas no mar é assustador. 

O mais estranho era que para terra havia visibilidade, mas para o horizonte era uma parede de nevoeiro, isto durou 40 minutos mais ou menos e o meu desconforto era tanto, que estava mesmo preocupado, pois do nada o Tummmm, Tummmmm, Tummmmm, estava cada vez mais próximo, o meu pai dizia , "não estamos na rota de entrada do Porto", eu respondia "o gajo estava aproado a mim na última imagem que tenho dele e não te esqueças que esta a pairar a 40 minutos e para manobrar e curvar quase parado vai descair para cima de nós"

Quando do Nada vejo uma Proa gigante a romper o nevoiro com o baruho Tummmmm, Tummmm, TUMMMMMMM, fdxxxxxx, já estava a pescar com o motor a trabalhar e a faca do Rambo ao pé de mim :) NÃO ia ligar o motor na hora, fogooooooo.

Fiz marcha a Ré com o corpo a tremer e pensei, eu cortar o cabo, ele que corte, na foto não parece mas o cabo sai do barco mas está solto no seu final tem uma boia para estes casos de dar a sola.


A nevoa espaireceu e ele apareceu, não vinha em grande velocidade e eu tinha o motor a trabalhar, deu tempo para me afastar, mas que é uma situação medonha, isso é, fiz um vídeo, um dia mais tarde mostro e dá para meter medo.
Se repararem bem, esta um ponto branco na direção do cabo é o meu balão que indica onde me encontrava a pescar, o desgraçado roçou na borda do Navio.

Passado o sucedido e o mar com a sua passagem ter ficado com umas correntes malucas e tormenta, fui  recuperando o cabo lentamente para a posição que me encontrava, pois não queria mesmo abandonar o local, andavam lá uns belos peixes, mas como é obvio a atividade desapareceu e durante a hora seguinte nada se passou, nem as piranhas do fundo, safias e garoupas existiam, já tinha chamado os nomes todos ao Capitão do Navio e que me tinha estragado a pesca, o meu pai engraçadinho como sempre, picava-me a dizer que o exemplar do dia era dele, quando nesse momento, sinto um toque daqueles que não enganam e ferro alto, virei-me para ele e disse este é o pai do teu, vi logo que era um robalão pelo trabalhar do fio.

Que luta amigos, o mais difícil é ver estes maganos a tona de água afastados do barco com a boca de fora a estrapechar para todo o lado, que adrenalina...


Com a fugida da nevoa veio o calor infernal e mais uns peixes lindos, que dia mais doido, este vai ficar na memoria por tudo o que se passou.


A variedade era espetacular, só faltou o peixe galo neste dia, arriscava-me a dizer que tinha apanhado todas as espécies com peso mais procuradas da nossa costa.

Como dizia anteriormente aqui está a cadeirada de Lula que eu fiz para comer com os meus amigos e sócios João e Muralha.




Boas Fainas.